Ali está o novo, aqui está o velho e a mistura disso me interessa
- Walleska Santiago
- 8 de set. de 2024
- 3 min de leitura
O nome escolhido a dedo é sobre amar, e começamos por esse tema, mas o complemento é e mudar as coisas. Hoje, focaremos aqui, no mudar. Mudar as coisas é como tentar apagar caneta, já tentaram? Lembro que me diziam que aquela borracha azul/vermelho apagava, já borrei e rasguei demais minhas folhas com as tentativas, até descobrir que olha só: a gente não precisa apagar o que já está ali escrito, e mesmo se quisesse, não daria. A vida não é como se fosse uma maquina, que de tão atualizada chegaríamos ao ponto em que eu posso escrever algo, apertar um botão e magicamente tudo sumir. Mas a gente pode escrever de novo ou acrescentar novas escritas, que fazem mais sentido hoje - e as vezes que sempre fizeram, a gente só não sabia enfrentar. Não é uma espécie de esquecimento, é um novo jeito de funcionar, mais coerente consigo e mais adaptado ao ser. Já me chamaram muito de desapegada por isso... E bom, eu não sou, só estou disposta a voltar para mim. Às vezes partir é uma forma de se reencontrar. Então é isso, introdução feita, vamos começar!
Da sala da minha casa eu consigo escutar os barulhos dos carros, consigo fechar os olhos e ouvir os pássaros também. Dia desses vi uma coruja, ela olhou para mim durante o voo e seguiu, acreditam?! Morar “perto de agua é bom por isso, sempre tem aves”. Aprendi vendo e ouvindo meu avô andando, enquanto eu andava também desbravando “o mundo”, vendo raposa, pavão, porco espinho, gansos, arara... Mas já que vamos começar pelo começo e falar sobre andar, não dava para não olhar para ela: minha mãe. Que assim como meu avô, também andava muito, na verdade, bem mais! Meus mundos estavam sempre desbravando e prontos para: “qual lugar vamos agora?”. Minha mãe foi uma mulher que andou demais, ela andou muito para que eu pudesse correr. E eu corri, corri livremente por ai sentindo o vento, desbravando muitas coisas, lugares, sentimentos e visões.
(Spoiler: hoje voltei a andar e até fincar)
Tô aqui deitada numa rede na minha cidade natal, que é pequena e me permite fazer o que fiz quinta-feira. Eu andei, simbolicamente e literalmente (se o mundo ainda fosse pangeia eu já teria desbravado ele inteiro). Cresci mais um tanto esses últimos tempos, parei um tanto e chorei as partidas e as mudanças também. Precisei olhar pros lados e avistar novos caminhos. Os movimentos estão acontecendo. Se você tiver lido aqui já viu que novas respostas estão sendo tecidas, então, consequentemente, novos caminhos também. Como é dolorido andar em outros caminhos porque os que estavam ali já não comportam mais, e mais dolorido ainda é quando temos que deixar versões menores nossas e pessoas que são especiais e importantes pelo caminho. Isso, comecei falando sobre revisitar e procurar amores, hoje a continuação é sobre organização deles para se começar uma nova apresentação. Tão importante quanto todo o resto, o fazer as pazes com o movimento de integração que vem se repetindo como uma pauta, amor e mudança: “Duas metades não da vida, mas de uma única coisa apenas com algumas diferenças de traços. Sem essa polaridade, há perfeição, mas nenhum processo, nenhum movimento daqui para ali, do passado para o futuro. A tensão de opostos ambivalentes é a precondição estrutural para mudança”. E se a gente só aprende com a repetição, vamos lá, repetir mais pra falhar melhor. Não se trata de suficiência, de estar errado ou certo, bom ou ruim, se trata de novos caminhos dizendo “OIE <3 olha eu aqui, segura na minha mão e vamos. ”
Tem que ter coragem! Estico o corpo, aprumo os peitos, ajeito a coluna, respiro (hoje em dia dou uma choradinha) e flexibilizo o fluxo. Organizando posturas, força, graça, pessoas e dias. Precisa muito mais do que saber o que se precisa para que não se caia no lugar de sempre ir pro que se conhece numa esperança fantasiosa onde acha que sabe lidar com aquilo muito bem. É preciso muito carinho para crescer e algumas pessoas acham que é correndo, outras gritando, outros contra o mundo, alguns se afastando desse mesmo mundo... mas não é. É só com muito amor para se mudar as coisas. O novo caminho tem olhado para mim de volta. Espeeeera, que eu estou indo. Agora eu quero enfrentar e ficar!
Com carinho, Walleska S.
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