EU SEI QUE A GENTE SE ACOSTUMA, MAS NÃO DEVIA
- Walleska Santiago
- 3 de fev.
- 2 min de leitura
Vou começar com essa frase de efeito para dizer que a gente se acostuma “rápido” com o familiar. O jogo de esconde-esconde já está em nós e estamos nos escondendo e procurando ao mesmo tempo. Um paradoxo, não? Pois bem! As configurações já estão instaladas e nós nos pegamos surpresos com as consequências, pois a persona idealizada, essa que você insiste em mostrar pro mundo é diminuída e seu verdadeiro eu sobressai. “Não pode! Isso tem que ficar guardado aqui, trabalhei bastante nessa personalidade pras pessoas me verem assim e assim eu me sentir parte, pertencente a algo ou alguém. Não posso ser trapaceado por mim mesmo!”, e vamos nós, calando a nós mesmos, diminuindo a nós mesmos, fazendo a gente viver num local apertado, pequeno e sem ar. É quase um pleonasmo dizer “ser realmente quem sou”, será que da pra não ser realmente quem se é? Se escorre por entre as frestas como água, atravessa os muros construídos como represas sendo rompidas, inunda tudo e a todos. Nós aparecemos mesmo sem querer - querendo.
Lembro de estar frente a frente com a morte muito cedo. Meus avós, os que mais amei, se foram por volta dos meus 10 anos, desde ali me senti sozinha, pelo menos fisicamente. Sou filha única, sem aqueles que me guiavam e me diziam o que fazer, onde eu voltava para recorrer, nem que fosse observando-os. Então, aprendi desde muito nova a abrir meus próprios caminhos e fecha-los também. Precisei viver e passar por coisas sozinha, pra aprender o que eu gostava, o que não, onde entrar, onde não, o que levar e o que não, etc. Nada sai do plano que precisa ser contado. Se hoje eu conto historias com tanta assertividade, precisei passar por elas sozinha. Precisei entrar e sair das minhas escolhas e me reinventar. Olhar por outras perspectivas o que parecia o fim. Que era na verdade, sempre um novo começo. E eu sempre aproveitava. Olhos de menina curiosa, que sempre teve iniciativa.
A gente se acostuma a ser coisa morta pelas mortes que nos deram. Sejam com palavras, sejam com escolhas, sejam com as faltas. Mas somos casa e casa é coisa viva! Que tenhamos coragem de explorar novamente quem somos, esse castelo adormecido que virou uma casinha pequena, às vezes de só um cômodo com tantas portas fechadas pela gente e/ou por aqueles que disseram nos amar. Mas nos amaram, bom ou ruim, de forma que nos aprisionou para fora de nossa própria casa, nos deixando acessar apenas um pouco desse lugar que somos nós. O que fizemos com o que fizeram com a gente?
Que tenhamos coragem de amar e mudar as coisas. Por nós! Pelos nossos a partir de agora. Que a revolução comece por você, em você, através de você. Está ai, é só ter coragem de caminhar ou mergulhar pra viver essa vida significativa que se deseja, mas vai se colocando decorações sem tanta importância para dispersar a atenção do que realmente precisa ser feito. Se eu consigo, você consegue também! Vamos abrir a gente, caminhos, águas, corações, corpos, estradas, amores e decisões.
Com amor, muito amor, WS.
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